quarta-feira, 20 de março de 2024

[Resenha] EP Ciberpajé: Hino ao Nada que Fui e Serei - poesia musical que enfoca a impermanência e a nossa fragilidade enquanto habitantes desse planeta, por Raquel Nunes


São apenas 12 minutos que nos instigam a diversas percepções e reflexões de como devemos conduzir a nossa vivência neste mundo. A nossa pequenez em meio a grandiosidade cósmica. A poesia musical que enfoca a impermanência e a nossa fragilidade enquanto habitantes desse planeta. Ouça o EP Ciberpajé - Hino ao nada que fui e serei neste link.

O hino é composto por uma faixa de 12 minutos dividida em 3 atos, é uma autêntica e extraordinária viagem pelo universo e sua atemporalidade. A obra de Ciberpajé com participação especial do musicista e produtor amapaense Alan Flexa, leva-nos em seu primeiro ato, intitulado como A Fotossíntese Degolada, a uma verdadeira excursão cósmica atemporal que se apresenta por meio da latente onipresença humana que se manifesta através de raios solares, brilhos lunares e toda sua amplitude universal. Um monólogo persistente, que insiste em ser resiliente mesmo quando confrontado por intempéries atemporais e ausências vitais, que colidem com uma iminente aniquilação planetária que nos reporta à resiliência e a onipresença mesmo em meio ao caos.

Continuando pelo caminho da resiliência, que se funde com a expectativa de vivenciarmos uma fotossíntese humana, chegamos ao segundo ato: O Martelo do Esquecimento. Considerado o meu preferido pela sonoridade que muito me encantou e surpreendeu do início ao fim, o referido ato nos teletransporta para uma melodia nostálgica que diante da minha modesta percepção, muito me remete ao rock progressivo nacional e internacional dos anos 70. A musicalidade desse ato lembrou-me Terreno Baldio e  Gentle Giant, duas bandas icônicas do rock progressivo nacional e internacional, respectivamente. O som revela por meio dos seus profundos versos, a extinção humana, animal e sua constante e eterna onipresença universal. A fluidez da vida. O tudo e o nada. A vulnerabilidade existencial.

Aproveitando a nossa vulnerabilidade existencial, acabamos guiados por um solo de guitarra hipnotizante que tem como destino o terceiro ato: A Morte Caudalosa. Neste ato, os acordes da guitarra e o experimentalismo surgem como adoráveis acompanhantes de uma narrativa feroz que desbrava os afetos que insistem em não se entregar mesmo conscientes da finitude vital. É a onipresença de estar e ser. O desprendimento egóico. A futilidade material e carnal diante da nossa grandiosa insignificância onde iremos todos perecer.

Um trabalho tocante e ao mesmo tempo visceral. Ouça sem moderação!


*Raquel Alves de Freitas Nunes é ativista cultural e jornalista em Goiânia.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

[Lançamento - Ouça Agora!] EP "Ciberpajé: A Blindagem do Lobo" traz nova parceria com Fredé CF propondo a MPB - Música Pós-Humanista Brasileira!


Está no ar o novo EP do Projeto Musical Ciberpajé: A Blindagem do Lobo, ouça-o aqui

A obra propõe um novo encontro dos universos ficcionais da "Aurora Pós-Humana" e da "MekHanTropia" e sela nova parceria do Ciberpajé com o musicista e artista transmídia Fredé CF, conhecido pela singularidade psicodélica de suas músicas baseadas em violão, voz e efeitos sonoros sintetizados. O EP apresenta 3 faixas que refletem sobre a hipercompetitividade contemporânea e a submissão aos valores de outrem em nome da busca por validação e aceitação, gerando a morte da autenticidade promovida por dogmas, ideologias, identitarismos, tribos, modas, etc. Também sobre a importância de manter-se íntegro e abominar todos os dogmas para obter o equilíbrio interior e por fim mostra que a amizade genuína é a forma mais pura de afeto. As faixas são: Ato I - A Blindagem do Lobo, Ato II - Mefistófeles Currando Almas e Ato III - Sobre Amizades Astrais. O conceito fundante da obra é o pós-humanismo como nova visão do humano no planeta, propondo a reconexão com seus aspectos animais e a ideia de que a nossa espécie é só mais uma das que compõem a sinergia do complexo sistema vivo chamado Gaia, pensando a tecnologia e a reconexão com a natureza como formas de busca transcendente e não com o objetivo de obter lucros e devastar a biosfera de forma indiscriminada, assim a música do EP pode ser chamada de uma Pós-MPB - Música Pós-Humanista Brasileira.

O EP também celebra o lançamento do livro "Os Aforismos do Ciberpajé" pela Editora Sinete (SP) e pode ser adquirido em pré-venda promocional neste link. Além da criação dos aforismos e da gravação das vozes o Ciberpajé (aka Edgar Franco) também criou a arte de capa e o projeto gráfico do EP. Confira o encarte na íntegra abaixo e ouça o EP neste link. 





Confira as palavras de Fredé CF sobre o processo criativo do EP que foi criado no período do Carnaval de 2024:

Durante esse Carnaval (de Ilusões MekHanTrópicas) criei as três músicas sobre seus vocais e aforismos enviados para nosso novo EP em parceria. Hoje, em meio às cinzas apocalípticas desta quarta-feira de São Valentim e pós feriado, te envio essas pós-marchinhas psicodélicas pra não tocar no Carnaval. Um Carnaval Anti-MekHanTrópico que emerge da Aurora Pós-Humana. Um bloco canídeo de folia astral contra o binarismo anticósmico. Um G.R.E.S. (Gracioso Ruído Emergente de Sonhos) para o qual busquei tocar profundamente nuances transdimensionais do meu espírito, transitando entre as luzes e as sombras alegóricas que me compõem, em contato com os conceitos trazidos pelos seus aforismos e interpretações vocais. Mestre-Sala e Porta-Bandeiras transbinários em evoluções internas integradoras pelas intersecções cosmológicas estabelecidas, num mergulho poético-reflexivo recheado de confetes e serpentinas de carbono, como reexistência artística em meio aos títeres de silício que nos cercam. O encontro de Arlequim e Colombina com o Cão Breu e o Lobo Ancestral, uivando, tocando, cantando, dançando e criando num desfile cósmico transdimensional pelas 3 RVs. Uma roda de pogo contra o Rei Momo MekHanTrópico! O rei está morto! E os loucos, os magos, os artistas e poetas tomaram conta do palácio (e da avenida)! E o samba se tornou trova! E a bossa se tornou nossa! Música Pós-Humana Brasileira (como disse o Amante da Heresia). Utilizei violão, baixo, sintetizadores e samplers. Fiz  vocais, uivos e ruídos também criando ambientações, além da mixagem em estéreo, como sempre tudo pelo celular (captação, mixagem, masterização, etc). Na primeira faixa, abre alas, trouxe algo punk e visceral, encerrando-se com uma “ponte” blindada. Na segunda faixa, pensei em algo mais sombrio e psicodélico, recheando o enredo com um toque infernal que conduz ao acesso do portal de celebração cósmica canídea do Ato final. A derradeira faixa, traz uma melodia mais alegre e festiva em celebração à vida, aos encontros e à amizade. Um ritual erigido por passos cadenciados pelos uivos retumbantes essenciais. Foi um prazer e honra enorme criar esse EP de celebração pagã transmutacional contigo, meu amigo. Muito obrigado, mais uma vez, pelo convite. Fiquei muito feliz. Me diverti bastante criando as músicas e pensando nas ambientações e conceitos. Espero que goste. Grande abraço, meu caro! (Fredé CF)

Ouça o EP Ciberpajé - A Blindagem do Lobo neste link.

Conheça os outros 44 EPs do Projeto Musical Ciberpajé neste link.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

[Lançamento - baixe agora!] Academiczine do Ciberpajé trata de processos criativos de quadrinhos envolvendo magia, música e tecnologia


Acaba de ser lançado pela Editora Marca de Fantasia o Academiczine n.3 - Biotecnolobo Antibinário: Magia, Música Pós-Humanista e Criação de Quadrinhos, esse número traz um breve texto em que explico o meu conceito de base ocultista do "Binarismo Anticósmico" e trato das inspirações tecnognósticas e mágickas para a criação da HQ "Biotecnolobo Antibinário" que é apresentada na íntegra no zine. Baixe o Academiczine n.3 aqui.

O conceito de Academiczine é um dos frutos das investigações de pós-doutorado de Gazy Andraus no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da UFG que eu tive a honra de supervisionar. Ele propõe pensar o zine como um meio de também realizar a divulgação científica do conhecimento em pesquisas desenvolvidas na universidade.

A Editora Marca de Fantasia abraçou o projeto editorial da série de Academiczines, e os dois primeiros foram zines de Gazy Andraus e Henrique Magalhães que também podem ser baixados gratuitamente no sítio da editora.

[Assista Agora PODCAST SEM FREIO#257] Entrevista: Ciberpajé - Criação como Magia de Autotransmutação

Está disponível na íntegra o podcast SEM FREIO#257 com uma longa entrevista tratando de meu ideário de vida, meus processos criativos transmídia psiconáuticos e mágickos de quadrinhos, música, aforismos, performances, animações, videoclipes, e muito mais. Confiram nesse link.


Mihha profunda gratidão ao grande Dimitri Kozma pela incrível oportunidade de retornar ao Podcast SEM FREIO para trazer aspectos de minhas criações e ideário que ainda não tinham sido tratados em nossa primeira conversa.

Ciberpajé cria nova série de "animaforismos" (aforismos + animação) para celebrar o lançamento próximo do livro "Os Aforismos do Ciberpajé" pela Editora Sinete

O Ciberpajé iniciou uma série de animaforismos em técnicas experimentais de animação para celebrar o lançamento de seu livro "Os Aforismos do Ciberpajé" que acontecerá dia 9 de março de 2024 na Livraria Ria, em São Paulo. O livro será publicado pela Editora Sinete e está em pré-venda promocional nesse link.

O neologismo "ANIMAFORISMO" foi criado pelo Ciberpajé (aka Edgar Franco) para  batizar a fusão de animação com um aforismo - que pode ser recitado ou escrito. Ele já havia realizado alguns experimentos de animaforismos em animações mais longas e videoclipes do Projeto Musical Ciberpajé em parceria com o artista C.N.S., mas agora ele tem realizado alguns experimentos curtos nessa série que celebra o lançamento de seu livro de aforismos.

Seguem os 3 primeiros animaforismos da série:

LOBO LUMINOSO - um "animaforismo" (fusão de animação + aforismo) com animação, aforismo, voz e música do Ciberpajé.



INTERNO ETERNO - um "animaforismo" (fusão de animação + aforismo) com animação, aforismo, voz e música do Ciberpajé.


TRANSMUTO-ME - um "animaforismo" (fusão de animação + aforismo) com animação, aforismo, voz e música do Ciberpajé.










quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

[Resenha] EP Ciberpajé - Hino ao Nada que Fui e Serei: uma obra mágica que te faz sentir assombrado, mas também muito puro, limpo! Por Brunna Nastassia

Selfie de Brunna Nastassia com a arte de capa do EP em sua tablet

O sol tímido de inverno bávaro iluminava os gravetos secos, as pedras e os patos engordurados na corrente de degelo (Eu estava lá!) e fui agraciada, durante doze minutos de caminhada, pelo ‘Hino ao Nada que Fui e Serei’ - ouça-o aqui -  trincando em estéreo os meus ouvidos gelados. 

O vento violento fazia coreografia com o que eu ouvia, rasgando as orelhas e os olhos até que me agradou estranhamente uma leve fotofobia. A luz amarela e roxa, que dançou atrevida por alguns minutos na minha frente, se mexia e bagunçava minha visão e meus sentidos assim como a melodia transcendental de Alan Flexa e a voz corajosa e selvagem de Ciberpajé (aka Edgar Franco) guiando-me e se responsabilizando por tudo. 

O tudo bem áspero e cortante, porém agradável, muito agradável, das fotossínteses degoladas, martelos esquecidos e morte caudalosa chafurdados em lirismos genuínos de vida, psicodelia, arte e morte. Uma obra mágica que te faz sentir assombrado, mas também muito puro, limpo! Cuidado que isso tomará você! O espancamento psico-progressivo e poético é certeiro, mas também flutuante e harmônico e você vai querer repetir.

*Brunna Nastassia é artista, estilista, e ativista cultural, vive na Alemanha.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

[Resenha] Ciberpajé e Alan Flexa, artistas visionários e psiconautas, cocriam o “Hino ao Nada que Fui e Serei” uma malha de sincronicidades bem interessantes para a reflexão de artistas e apreciadores de arte visionária. Por Hugo Togo

Parte da capa do EP com foto de Hugo Togo

Ao ouvir o Hino - ouça-o aqui -  que é repleto de antíteses, em um primeiro momento lembrei-me de Nietzsche e seu tipo de narrativa. Para Nietzsche, a antítese não cria apenas uma contradição, mas a partir do choque de duas ideias contrárias, algo se resta além do nada, podendo ser uma síntese, o tudo. Observando a arte da capa (claramente feita em ENOC), pude perceber os espelhos criados por Ciberpajé em correspondência com as antíteses, que evidenciam uma tensão criativa, que precede o nascimento da síntese, que é contida no centro da imagem, em um rosto feminino de cabelos predominantemente magenta e pretos e alinhado ao sol. Sabe-se que o magenta é uma ilusão criada pelo cérebro e que, na verdade, o que existem são duas cores no lugar do magenta se alternando: azul e vermelho. Novamente o paradoxo, agora pelo choque de duas cores ou ainda, duas ideias opostas. A cor magenta parece-me simbolizar esta reconciliação com os opostos.

Ao longo do Hino, uma determinação é proclamada: eu estarei lá. É repetida como um mantra que a nível intencional, Ciberpajé parece lutar com as duas forças contrárias, pretendendo dizer: “Eu Sou Um. Ou nada. Mas não esta contradição, o dois, o diabo ou careta.” A cor magenta, que traz essa dicotomia do azul e do vermelho, é um Raio Cósmico, mais precisamente o 9º e, os quadrinhos, arte a qual o Ciberpajé também dedica-se e pela qual é reconhecido, são a 9ª arte. Eis mais uma sincronicidade. O hino parece ser para Alan Flexa e Ciberpajé, o prenúncio de uma nova forma de criar para ambos, seja no visual ou no sonoro.

Percebi algumas semelhanças na ideia e sonoridade com John Frusciante e Jorge Bem Jor, Sinalizando mais uma vez essa influência visionária, da alquimia, da magia, dos mantras etc. Dissipando-se as ilusões da dualidade, o “lá”, tantas vezes entoado, está por germinar aqui, enquanto uma nova forma de se ver além.

*Hugo Togo é artista visionário licenciado em artes pela Faculdade de Artes da UFG, em Goiânia.